5 de janeiro:
Sempre acordo junto com o sol.
O céu está clareando, a fresca brisa da noite passada ainda sopra.
Moro perto de uma padaria, que já está aberta.
O cheiro de suas iguarias se estende até o meu apartamento.
Lembrete de que o dia está começando.
É sábado.
Um dia maravilhosamente lindo.
Céu azul sem nenhuma nuvem.
O doce frio de outono.
A caminhada me ajuda a aproveitar o dia.
Caminho só.
Posso até ouvir o som do mar.
Passo por alguns bares e lanchonetes.
Pessoas conversando e sorrindo.
Caminho só.
Algumas pessoas brigam, e gritam.
Querem que outras pessoas escutem.
Continuo só.
Chegando em casa, tomo banho e faço meu chá.
Tão bom o aroma de frutas vermelhas.
Da sacada vejo as pessoas dos outros prédios.
Estão gritando pelo futebol ou pela novela.
Gritam e riem por coisas que não entendo.
Continuo só.
Assim que anoitece, eu entro e choro.
Como uma criança que tem medo de ficar sozinha.
Me acalmo e vou dormir ao som de Enya.
6 de janeiro:
Um dia maravilhosamente lindo.
Céu azul sem nenhuma nuvem.
O doce frio de outono, e as lembranças.
Lembranças felizes que me fazem chorar de tristeza.
Momentos parados como uma foto.
Choro como uma criança que tem medo de ficar sozinha.
Pois é isso que sou. A pior parte é saber que isso é inevitável.
Então eu choro mais, muito mais.
Não lembro qual foi a última vez que eu chorei em um dia ensolarado.
Mas hoje eu não pude aguentar.
E tudo que posso dizer é: ´Mais um ano se passou`
