sábado, 6 de agosto de 2022

Contos Noturnos 23-A Dama e o Cavalheiro.

É o casal que organizou nosso baile macabro.
Um baile que se baila com o laço no pescoço.
Te conduz como um parceiro de dança.
Convidando o mesmo a se aproximar.
Mão fortes, passos firmes.
Uma dança estranha que se estranha.
Mas dança com naturalidade.
O que se estranha, na realidade.
A plateia a volta, percebe em silêncio a dança.
Balançando a taça com o veneno.
Veneno esse que borbulha as bolhas na borda do cristal transparente.
Tornam-se um convite para os mortos que cantam.
E quem escuta, pensa ser o vento soprando.
Almas chorando, vivos rezando.
Assim começa a valsa, soando uma melodia fúnebre.
Uma melodia doce como um sombrio baile da noite.
A noite.
Tão gloriosa como silenciosa.
Sua beleza e as coisas únicas que ela nos traz.
Os sons dos seus filhos, a fraca luz da lua que entra pelas janelas, o sopro do vento.
O relógio se mexe lentamente, para que a noite dure.
Os encontros duram somente cinco horas.
Devemos aproveitar.
Sempre que estou nesse baile, sinto que é um sonho.
Porque nos meus sonhos, não tenho medo.
Eu danço sempre com a luz das estrelas.
Não sou mais uma criança ou uma estranha.
No céu da noite, não danço sozinha.
Os problemas só aparecem quando acordo.
E assim acontece quando os sons da manhã me despertam.
Bom dia.