quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Contos Noturnos 26-A Jovem Desafortunada

 Pessoas brigando, móveis quebrando, uma cacofonia estridente que era escutada e vista do corredor do primeiro andar.


—Quando isso vai parar?—perguntou a Jovem Desafortunada para si mesma.


 Não havia nada de bom ou bonito a sua volta. Essa era sua realidade por anos, e ainda assim não podia se acostumar com tal ambiente.


—Não se preocupe, querido. Isso não é problema nosso.


A Jovem Desafortunada pode ouvir uma voz familiar. Uma amiga de tempos mais felizes, estava agora gargalhando aos ventos, abraçada com um homem tão desprezível e volátil como aqueles que estavam brigando no andar de baixo.


—NÃO ACREDITO—esbravejou a Jovem Desafortunada—COMO VOCÊ TEVE CORAGEM DE ESTAR COM...ESSA PESSOA?
A amiga não movei um músculo ou mudou sua expressão indiferente.


—Oque você esperava?—perguntou a amiga—estou cansada de lutar contra o que não pode ser detido. Me juntando a esse 'caos' ao menos tiro vantagem.


—De outras pessoas.—a Jovem Desafortunada estava desgostosa—de pessoas como eu. Como nós.


—Ao menos dessa vez, sou eu que saio ganhando. Não acha justo?


A Jovem Desafortunada derramava lágrimas pesadas. Raiva e rancor pelo que acabou de escutar. Disposta a desistir de tudo e todos, ela vai em direção a saída da frente.


—ESPERA, DRAMÁTICA!—disse o Homem Desprezível—Quer ser feliz? Entra por aquela porta.


—Porque tá preocupado comigo—indagou cautelosamente.


—Não dou a mínima para você—disse desdenhando—só te quero longe. Esse seu altruísmo me irrita.


 A Jovem Desafortunada olhou para um grande portão de madeira clara com ferrolhos de prata. Havia uma suave brisa passando pelas frestas da madeira com um forte aroma de dama-da-noite.


—Depois que você passar por essa porta, não vejo mais motivos para deixá-la aberta.—afirmou o Homem Desprezível.


A Jovem Desafortunada não via motivos para ter receio. Afinal, qualquer lugar era melhor que ali. Ela puxou os ferrolhos com força, fazendo com que a porta desse uma leve rangida. Passando pelo umbral, a porta fechou com violência. Abrindo os olhos, a Jovem Desafortunada notou estava no mesmo lugar, porém estava tudo limpo e bem-arrumado. Ao olhar para baixo, viu que o pátio onde estava tendo as brigas extremamente violentas, haviam mesas arrumadas com vasos de orquídeas, um pequeno altar e uma imensa árvore com luzes e um banco circular em volta. O perfume de dama-da-noite que estava no por toda a área externa do corredor, se mesclava com a brisa quente da noite. Uma sensação tão aconchegante e familiar, como algo que ela esperou por toda a vida. Pondo um pouco mais de atenção, ela conseguia ouvir dois homens conversando na esquina do corredor.


—Tenho ótimas notícias, meu caro—disse um homem de meia-idade.


—Meus queridos filhos já estão prontos?—perguntou o outro homem.


—Bem, sim. Mas não era isso que iria dizer.—o senhor pausou a fala olhando para a Jovem Desafortunada—Ela chegou.


 O homem se virou rapidamente e ela pode vê-lo com mais clareza. Um homem alto de olhos como jade, seus cabelos ruivos que chegavam aos ombros estavam presos na nuca, sua pele era adornada por inúmeras sardas. Ele vestia um terno cor chumbo e no bolso, havia um lenço azul com uma rosa prateada bordada.


—Meu amor! Você está linda.—disse o Jovem Ruivo a abraçando—a espera realmente valeu a pena.


 Seu abraço era forte, porém carinhoso e encheu o coração da Jovem Desafortunada de alegria. Alegria essa que transbordou.


—EI! Meu amor, não chora—disse o Jovem Ruivo preocupado—O que aconteceu?


—Eu não sei—disse entre soluços—simplesmente precisei chorar, mas não estou triste.


—Isso é ótimo—disse o Jovem Ruivo passando o polegar perto dos olhos da Jovem.


—MAMÁ!—disse três vozes em conjunto.


 Três jovens lindos. Um garoto de uns dez anos, olhos castanhos, ruivo com a pele levemente bronzeada. Outro garoto de oito anos, cabelos negros, olhos verdes e muitas sardas e utilizava um aparelho auditivo. Por último a mais velha, longos cabelos castanhos, olhos azuis e muitas sardas, ela se vestia de modo elegante, diferente de seus irmãos.


—Sinto muito, Mamá—disse a moça—eu disse para eles não correrem.


—Não…digo, tudo bem!—a Jovem Desafortunada tentou formular a frase—Só tomem cuidado.


—Vamos—disse o pequeno moreno—a Nonna tá lá em baixo.


 Eles correram até o andar de baixo onde as pessoas se reuniam com os mais velhos


—Te espero lá em baixo, mi Cielo—disse o Jovem Ruivo


A Jovem Desafortunada ficou estática. Ela sentia que aquilo tudo pertencia a ela, mas, ao mesmo tempo sentia que algo estava fora de lugar. Ela pensava a respeito enquanto descia as escadas indo em direção ao banco da árvore.


—Isso é tão estranho-disse a Jovem Desafortunada para si—Isso não pode ser real…pode?


—Porque não—disse um conjunto de vozes sussurrando no topo da arvore—você está aqui, não é?


—Isso é real—hesitou—ou é um sonho?


—Isso importa?—perguntaram as vozes—Agora você é feliz. Aproveita.


A Jovem Desafortunada olhou a sua volta. Não haviam mais vozes alteradas, pessoas gritando ou algo sendo partido. As pessoas estavam alegres festejando…estavam felizes por ela. Porque isso seria algo ruim?


—Antes da cerimônia começar—disse a mãe da Jovem—acho que os noivos podem dançar a valsa primeiro.


 Dito e feito. Ambos fizeram uma reverência e começaram a dança. Tão suave como uma pena ao vento. Quando a música se pôs mais lenta, a Jovem Desafortunada apoiou sua cabeça no ombro do homem e respirou fundo
'O aroma de dama da noite vem dele' pensou consigo.


—Está feliz?—perguntou o Jovem Ruivo.


—Tanto que poderia chorar—respondeu a Jovem Desafortunada.


 Talvez ela chore quando acordar, ou talvez se mantenha nesse mundo de pura ilusão. Afinal qual a diferença entre sonhos e realidade se elas flutuam na mesma linha delicada da sanidade?


sábado, 31 de agosto de 2024

Contos Noturnos 25-Azul

Azul.
Que cor gloriosa.
Tão perfeita em todas as suas tonalidades.
Tiffany, anil, celeste, claro, marinho, royal, cobalto.
Azul. Perfeito azul.
Uma noite estrelada, um dia ensolarado, um mar revolto.
A cor de uma tatuagem ou camiseta.
Azul também possui aroma.
Marcante e sutil.
Tranquilizante para a alma.
Enérgico para a memória.
Essa cor também possui sabor.
Doce na medida certa.
Como sorvete em pleno verão.
Chá com mel em uma tarde de inverno.
A mais bela cor.
A temperatura desta cor? Fria, porém, muito agradável.
Talvez tudo seja apenas memórias entrelaçadas a esta cor.
O abraço de uma vó, a presença de um amigo, o carinho de um amante.
Pode ter sido por influência de terceiros ou por escolha própria, mas não me importo.
Esta é minha cor. A cor do meu mundo, dos meus sentimentos e sonhos.
Azul.

sexta-feira, 24 de maio de 2024

Contos Noturnos 24-O Circo da Meia-Noite

Já era tarde...início de madrugada, mas eu não conseguia dormir.
Fiquei andando pelo meu quarto procurando algo pra fazer pra poder gastar um pouco de energia.
Olhei para a minha prateleira de livros e encontrei um antigo livro que encontrei em um bazar.
'O Grimório Escarlate' li o título em voz alta, parecia ser um livro de contos. Voltei para debaixo das cobertas para começar a leitura, curioso...lembro de ter comprado o livro, mas nunca cheguei a ler. Enfim, abri o livro de forma aleatória e...
truuum!

Me assustei ao ouvir o barulho de um galho batendo freneticamente na janela. Quando olhei para baixo, vi uma movimentação perto de casa...bem, curiosa como sou, é claro que não ficarei aqui parada. Coloquei uma roupa qualquer e sai.
Aquilo era com certeza uma piada de muito mal gosto.
Um circo tinha acabado de chegar na cidade...um circo. Isso é ridículo. Eles estavam no bosque que tem perto da entrada da cidade

Dei a meia-volta de regresso para casa quando escuto um homem na frente do local:

-SEJAM TODOS BEM-VINDOS AO GLORIOSO CIRCO DA MEIA-NOITE

'Nome estranho para um circo' pensei. Logo ele continuou:

AQUI, NOSSO PAGAMENTO É O SORRISO. ENTRM E SE DIVIRTÃO!

Maldita curiosidade, tenho que ver se isso é verdade. Ao chegar mais perto, pude ver melhor o local e não acreditei no que estava vendo.

Por fora é muito colorido e agradável. Haviam muitos animais, tendas de comidas e palhaços por todos os lados. Apesar da entrada ser gratuita, tinha que pegar o ingresso para saber onde ira sentar na plateia. Quando fui até a Bilheteria, tomei um susto tão grande que por um momento, minha vista havia escurecido.

O homem que estava entregando os bilhetes não era nada normal. Ele tinha grandes olhos negros como se só existissem as pupilas, um grande sorriso inumano e grandes garras.

'Seu bilhete, madame. A apresentação já vai começar' ele disse me entregando um pequeno pedaço de papel, que peguei brevemente.

Ao entrar procuro meu lugar que é bem perto do palco, me sento pouco antes das luzes apagarem.

Lentamente, um pequeno fecho de luz aparece entre as cortinas e de lá surge uma...mulher? Boneca?

Sinceramente, não sei bem oque ela é. Parece uma mulher, mas a pele branca brilha como porcelana, há rachaduras por todo seu corpo e uma atadura manchada de preto no pescoço. Ela se movia como se fosse uma marionete, mas não havia nenhuma corda movendo ela.

—Senhoras e senhores—ela disse com um imenso entusiasmo, mas com um sorriso triste—Me chamo Anfitriã, e é com grande alegria que apresento nosso primeiro espetáculo: as bailarinas sem rosto.

Elas pareciam delicadas bonecas de caixas de música, mas não era agradável olhá-las por muito tempo. Elas tinham o rosto coberto por máscaras pálidas com detalhes em preto, os cabelos presos enfeitados com coroas emplumadas, e o traje de balé seguia na mesma tonalidade

Elas dançavam divinamente, mas havia algo que realmente me deixou desconfortável...cada movimento da dança, era possível ouvir os ossos rangendo ou quebrando, mas o som parecia que alguém estava pisando em pedaços de espelhos.

Um pouco distante das bailarinas, era possível ver os Palhaços Cinzas suspirando por elas. Notei que eles não faziam nada, a não ser olhar para elas com um olhar de dor toda vez que uma delas estendia a mão para eles.

Notei que um deles olhava angustiado para uma bailarina e para a Anfitriã que o encarava com desaprovação. Um deles -como que não estava mais suportando algum sofrimento- se aproximou da bailarina que lhe estendeu a mão.

—Essa não—gritou a Anfitriã—agora eles terão que dançar.

As outras bailarinas começaram a chorar baixinho e os palhaços ficaram com uma expressão como se estivessem em um velório.

Contudo, a paixão e tranquilidade era nítido no rosto dos dois que dançavam tão levemente. Não se ouvia mais o ranger dos ossos da bailarina, tão pouco as lamúrias do palhaço só um melodioso som de uma arpa...mas não durou muito.

De repente, as bailarinas e os palhaços sumiram nas sombras laterais do palco, dando mais espaço para os dançarinos. Contudo, por onde a bailarina passava, ficavam pegadas de sangue que iam aumentando a quantidade do líquido viscoso.

No meio da dança a bailarina caiu, pois os pés já em carne viva não aguentavam mais o peso da moça. O palhaço, desesperado a abraça esperando o pior acontecer. Ele chora descompassadamente enquanto ela dá um longo suspiro e...se transforma em uma pequena rosa que de vermelha, vai escurecendo até um tom quase preto. Acho que isso é tudo que sobra dos dois, o desespero de ser correspondido.

—Uma agradável valsa, devo dizer. Mas temos que dar espaço agora para ela, Milady Hooves

'Agradável valsa, desgraçada?' pensei 'vou dar mais uma rachadura para essa maldita'

Antes que eu pudesse fazer algo mais, começo a escutar melodias típicas de uma orquestra e de repente, consigo ver os instrumentos levitarem no escuro. As sombras musicais chegaram para dar espaço para a cantora

Ela que possui uma voz que até as sereias tem inveja. Quando ela se aproxima do palco, tudo oque se pode ouvir é o trote de um cavalo junto a uma voz melodiosa.

Quando as luzes se acendem é possível ver a Milady Hooves e Jesus Cristo...eu preferia não enxergar. De fato, a voz dela era linda, impecavelmente límpida e suave, mas ela por si só, é desagradável aos olhos.

Ela tinha o aspecto de um centauro, mas ao invés de cavalo, sua parte animal era uma cabra completamente distorcida. Seus longos chifres se enrolavam perto do seus pescoço, sua boca alongada era revestida por dentes afiados como ponta de flecha. Parecia que ela nunca iria embora até que finalmente a música acaba. 

—Uma bela música cantada por uma bela artista.
(Boneca louca) penso.

—Mas antes da noite acabar, veremos a batalha tão esperada: O Homem-Fera contra Duquesa Snake.

Estava quase agradecendo o fato da cantora ter ido embora quando vejo eles...duas criaturas inumanas.

Um homem monstruoso rugindo como um animal faminto e descontrolado. Se arranhava até sangrar e bebia o líquido desesperadamente.

E do outro lado se arrastando como um mal- espírito uma mulher...eu acho...com o corpo escamoso de uma cobra que lembrava muito a Medusa dos contos gregos, com a diferença de que ela não transforma ninguém em pedra. O que para mim, seria ótimo se isso acontecesse agora.

Eu escuto chifres quebrando, escamas sendo arrastadas e arrancadas pelo chão, sons das cascavéis na cabeça dela tentando atacar ele. Enquanto todos estão felizes com aquele show de horrores, eu tampava meus ouvidos e gritava de desespero. Quando isso vai acabar?

Acho que a luta acabou, pois todos aplaudem e quando olho para o palco, não há nada além de sangue, escamas e pedaços de chifres.

Todos estão sentados em seus lugares cochichando como se estivessem esperando a próxima 'atração'. 

Me levanto e procuro a saída quando escuto uma risada. Parecia uma pessoa tentando segurar o riso, quando me viro e vejo de onde vem a risada já penso 'definitivamente estou no inferno'

No escuro foi possível ver uma fileira enorme de dentes no formato de um imenso sorriso

Garrar longas, olhos fundos inumanos. Dark Jester. Sempre que aparece ele diz gargalhando 'TÁ NA HORA! JÁ TA TARDE.'

Ele estava gritando e chorando com um sorriso pavoroso. Corri procurando a saída que não aparecia, a lona da tenda era dura como uma parede...não tinha como ir embora. Era desesperador, ter que ficar em um lugar monstruoso como aquele.

O Circo da Meia-Noite é grátis pra entrar— disse uma voz femininamas para sair...você deve pagar.

Quando olhei para a mulher, eu pensei em abandonar a razão.

—Não se atreva!—disse a Cartomante Cadáver—A não ser que você queira ficar aqui permanentemente, sugiro que se apegue a sua sanidade.

—E como eu poderia sair daqui?— perguntei com um misto de raiva e medo —Não tem porta aqui!

—Siga o Dark Jester.— ela disse apontando para ele enquanto olha para a bola de cristal — Ele vai te ajudar a fugir antes que a Anfitriã te veja.

—Venha, venha— disse o Jester —Tá na hora! tá tarde!

—Tem certeza?— perguntei para ela.

—Fique e se torne uma atração— disse —vá e  se liberte. Sua vida, sua escolha.

Olhei para ela, olhei para o Jester. É, realmente não dá pra piorar. Ele me levou discretamente até atrás das cortinas pero do palco

—Me diz— comecei quebrando o gelo —porque eu teria que 'pagar' a Anfitriã?

—Ela faz isso, sabe!?— ele falava eufórico como uma criança —Ela parece uma princesa, mas é uma caçadora de almas. Todos aqui, desde as atrações até a plateia, todos já foram pessoas livres e vivas. Ela é má!

—Ela fez isso com você também?

—Com todos nós. Fui um dos primeiros, eu vi tuuudo. Eu era um palhaço, as crianças gostavam de mim e elas me faziam bem.

Ele falava e lembrava dessa época, chorava com aquele sorriso amedrontador. Ele queria fazer as pessoas sorrir, mas agora elas só gritam.

—Você tem que ir antes de amanhecer— ele falou apressadamente —se não você vai ficar aqui.

—Tá bom! E como eu vou embora?

Senti ele me abraçando de forma carinhosa enquanto dizia 'Adeus criança' com uma voz fraca e aliviada.

Acordo com o som do relógio. Estava assustada, suando e chorando.

—DROGA DE RELÓGIO!—disse tacando ele na parede.

Sorte que sempre coloco o despertador bem adiantado para nunca me atrasar para o trabalho. Olho para meu colo onde está o livro e na página que ela estava

'Conto 12- O Circo da Meia-Noite'

—DROGA DE LIVRO!—disse tacando ele na parede.

Olhei para a janela do meu quarto, onde lá ao longe é possível ver uma parte do bosque

—Pobre Jester.— disse triste —espero que fique bem.

domingo, 21 de abril de 2024

Eu sumi...peço perdão

Saudações a todos, que por algum motivo, gosta do que eu posto. Queria começar dizendo que não fiquei afastada por escolha. Tive uma recaída na depressão e tive que ser tratada de forma mais precisa do que só o uso de medicamentos. Fortes crises de ansiedade e fobia social foram meus maiores problemas e tive que me focar em tratar disso. não digo que estou 100%, mas com certeza estou bem melhor e quero voltar com o meu blog. Meu pequeno cantinho nesse mar digital. Voltarei logo com alguns relatos de viagens, teorias e contos novos. Também aproveitei para organizar os posts antigos que estavam meio rudimentares. Também estou postando algumas das minhas artes as únicas redes sociais que eu uso(disponível abaixo). Amo
muito vocês.


sábado, 6 de agosto de 2022

Contos Noturnos 23-A Dama e o Cavalheiro.

É o casal que organizou nosso baile macabro.
Um baile que se baila com o laço no pescoço.
Te conduz como um parceiro de dança.
Convidando o mesmo a se aproximar.
Mão fortes, passos firmes.
Uma dança estranha que se estranha.
Mas dança com naturalidade.
O que se estranha, na realidade.
A plateia a volta, percebe em silêncio a dança.
Balançando a taça com o veneno.
Veneno esse que borbulha as bolhas na borda do cristal transparente.
Tornam-se um convite para os mortos que cantam.
E quem escuta, pensa ser o vento soprando.
Almas chorando, vivos rezando.
Assim começa a valsa, soando uma melodia fúnebre.
Uma melodia doce como um sombrio baile da noite.
A noite.
Tão gloriosa como silenciosa.
Sua beleza e as coisas únicas que ela nos traz.
Os sons dos seus filhos, a fraca luz da lua que entra pelas janelas, o sopro do vento.
O relógio se mexe lentamente, para que a noite dure.
Os encontros duram somente cinco horas.
Devemos aproveitar.
Sempre que estou nesse baile, sinto que é um sonho.
Porque nos meus sonhos, não tenho medo.
Eu danço sempre com a luz das estrelas.
Não sou mais uma criança ou uma estranha.
No céu da noite, não danço sozinha.
Os problemas só aparecem quando acordo.
E assim acontece quando os sons da manhã me despertam.
Bom dia.

sexta-feira, 30 de julho de 2021

Adeus,Joey. Vá em paz

Não sei nem como explicar, chorei muito com essa notícia. Ele era uma pessoa que sempre admirei. Um músico incrível, uma pessoa maravilhosa e sempre espontânea. Fiquei chocada quando descobri. Sem dúvida, ele é uma pessoa que fará falta para sua família, amigos e fãs. Descanse em paz N.1 Te amamos.



domingo, 21 de fevereiro de 2021

Contos Noturnos 22- A Letal Boneca de Porcelana

A sala de tortura tá pronta.
O homem está amarrado em uma cadeira de aço chumbada no chão, a grande mesa está repleta de facas, pregos, ganchos e arame farpado.
Há também um pequeno braseiro onde há algumas lâminas incandescentes.
O homem amordaçado está em pânico, suas súplicas silenciosas não comovem a anfitriã.
Ela joga água perto da cadeira, e pega o bastão elétrico. Ele treme, ele chora, se esforça para gritar tentando fazer com que Deus e o Diabo o escutem.
Ela acende o cachimbo com calma e a fumaça do tabaco se mistura com o cheiro ferroso de sangue.
A linda assassina conhecida como Silence começa seu trabalho: Os olhos e os dentes são arrancados.
Com muita delicadeza remove a pele com as tatuagens.
Ela começa seus experimentos, quanta dor uma pessoa pode aguentar?
Corta, queima, rasga, arranca. Ela faz a sua arte.
Em pouco tempo, o homem esta morto, não resistiu muito. Agora os órgãos. Todos são removidos e empacotados.
Há pouco sangue no corpo dele, não pode virar mercadoria. 'Terei mais cuidado na próxima vez' pensou ela.
Ela costura o cadáver e o enrola em um lençol branco.
Ela consegue velar o corpo até a polícia sem que a vejam, o corpo é deixado nos fundos da delegacia com um envelope.
A jovem já está em casa quando os policiais encontram o corpo, no envelope há provas das atrocidades que este homem cometeu. Sua morte foi merecida.
Também há uma pequena carta da jovem assassina.

'Fui obrigada a fazer o trabalho de vocês incompetentes. Como podem deixar um mostro como ele solto transformando nossas crianças em vítimas? Mas sua morte não foi em vão, seus órgãos ser doados para que outros vivam. 
ASS: Silence.'

Era mais um mostro que ela havia matado.
Somente um monstro pode matar outro monstro, mas ela não se importou com isso.